CONHEÇA A HISTÓRIA DE UM CURURUPUENSE QUE É ÍDOLO NO FUTEBOL BELGA E HOLANDÊS


Wamberto é atacante e já atuou em vários clubes da Europa, em especial no futebol holandês e também no futebol belga, pelo AFC Ajax onde jogou de 1998 a 2004 e foi campeão da taça da Holanda em 1999 jogando 111 partidas e marcando 30 gols. Porém, antes defendeu o Royal Standard da Bélgica onde atuou de 1993 a 1998 jogou 81 partidas marcando 11 gols. A partir de 2006 joga pelo Mons da Bélgica. Em 2007 retorna para a Holanda para atuar pelo FC Omniworld.
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Wamberto de Jesus Souza Campos, natural de Cururupu-MA, foi revelado pelo Sampaio Corrêa, time da capital maranhense em 1991, nem chegou a atuar pela equipe principal antes de ser vendido para o RFC Seresien, da Bélgica, logo após a sua participação no Mundial Sub-17 com a seleção brasileira, também em 1991. Naquela equipe brasileira, que fora eliminada por Gana por 2×1, nas quartas-de-final, tinha Fábio Noronha (ex-Flamengo), Argel (ex-Inter, Santos e Palmeiras), Nenê (ex-Corinthians), Yan (ex-Vasco, Flamengo e Fluminense) e Adriano (ex-São Paulo). Sendo bastante gente boa, digamos que apenas o Argel vingou nessa seleção de base de 1991.
Entretanto, Wamberto construiu uma carreira sólida e bastante respeitada nos Países Baixos, onde foi ídolo do RFC, do Standard Liegè e, o maior clube de todos naquela região, no Ajax, da Holanda. Foi no gigante holandês que Wamberto realmente se destacou, onde atuou por cinco temporadas e meia, sendo 150 partidas e 31 gols anotados com a camisa do Ajax. Sua melhor temporada foi a de 2001/02, quando jogou 39 partidas e fez 14 gols, e tendo como parceiro de ataque, em grande parte do tempo, o lendário Zlatan Ibrahimovich, que começava a chamar a atenção naquela época.
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Depois de quase seis anos atuando com frequência no Ajax, e prestes a completar 30 anos, Wamberto fora negociado com o Mons, time que lutava contra o rebaixamento na Liga Belga. Ao término do campeonato, onde ajudou a salvar o Mons, o Standard Liegè resolveu recontratar o grande ídolo, que ficou no grande clube belga por duas temporadas (2004/05 e 2005/06) até retornar ao Mons, onde ficara por mais uma temporada completa.
Na temporada de 2007/08, Wamberto retornou à Holanda para defender o Almere City, da segunda divisão holandesa. Em 2010, o brasileiro encerrou sua carreira futebolística jogando novamente na Bélgica, pelo Wilrijk, aos 35 anos. Wamberto, que poucos maranhenses conhecem, foi uma verdadeira lenda nos Países Baixos, e que, se não bastasse a fama, também serviu de exemplo para os clubes daquela região fossem atrás de mais jogadores brasileiros, de preferência jovens e com potencial de revenda.
Wamberto tem um filho, Danilo Campos, que começara no Ajax, mas que logo fora vendido para o Standard Liegè, onde ficara por duas temporadas. Após a estádia no clube onde o seu pai é quase um deus, Danilo trocara de país e fora defender as cores ucranianas do Metalurgh Donetsk, onde ficou por 3 temporadas. Atualmente, o filho de Wamberto defende as cores do Mordovia, da primeira divisão russa.

Terra Natal

É oriundo da pequena cidade litorânea de Cururupu, cidade a 453 km da capital São Luís e que segundo o IBGE (2016), tem uma população estimada em 30.805 habitantes. O cururupuense é um dos futebolistas brasileiros mais bem-sucedidos nos Países Baixos. Em entrevista, bateu um papo no qual foi abordado seus 16 anos na Europa, suas vivências, relações nos bastidores dos plantéis por onde passou, a atual crise da seleção belga, e claro, seu momento no modesto Mons, pequena equipe no oeste do país. Citado frequentemente por treinadores como exemplo a ser seguido como profissional, agora ele vê com felicidade seu filho Danilo seguir seus passos no Ajax, clube que ele defendeu por oito anos. O garoto assinou por três temporadas com os ‘amsterdammers’.
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Confira outros detalhes de Wamberto e desfrute, nas linhas abaixo, sua larga experiência no futebol dos Países Baixos.

Entrevista

O Mons conseguiu fechar a Jupiler League numa boa colocação (9º lugar), levando-se em conta ser uma equipe que veio da segundona e reformulou drasticamente o plantel. Como o técnico José Riga trabalhou esse time com jogadores de 12 nacionalidades diferentes?
Ele teve sabedoria para lidar com os jogadores, pois não é fácil, o time não estava bem no começo do campeonato e ele soube gerir bem a equipe, conseguindo bons resultados. É um treinador que conhece muito, ótimo no trato com os jogadores.
Depois de jogar 10 anos em equipes que disputavam títulos (Ajax, na Holanda, e Standard Liége, na Bélgica) como foi sua primeira temporada jogando por um time pequeno? 
É totalmente diferente. Jogar num clube que tem pressão por conquista de títulos e um time que joga para se manter no campeonato, como é o caso do Mons, são situações completamente opostas. Foi uma boa experiência, pois pude conhecer a realidade dos times pequenos.
Junto com você, no Mons, está jogando o atacante nigeriano Mohammed Aliyu, de 25 anos. Ele era apontado como futura estrela quando estava nas categorias de base do Milan, mas hoje está no anonimato. Você ainda vê potencial e ambição nele para relançar sua carreira?
Eu o acho um bom jogador, com boa condição física. No entanto, tem o psicológico fraco. Ele se deixa abater pelas críticas, quando perde a posição não tem força para reconquistá-la, e se ele quiser chegar mais longe tem que ter mais força de vontade.
Outra figura interessante no time do Mons é o Eric Rabesandratana, que jogou muito tempo no PSG, da França. Mesmo veterano, ele ainda demonstra disposição de treinar e jogar? Ele é uma referência na equipe junto com você?
Sim, é um jogador que tem muita experiência, o treinador sempre nos cita como exemplo para o grupo, o que ajudou muito nessa temporada.
Há um ano, o seu ex-parceiro de clube, Michel, nos contou que o Standard Liége só não foi campeão em 2005/6 porque o treinador Dominique D´onofrio não soube passar tranquilidade para a equipe. Além disso, os jogadores não gostavam dele. Foi isso mesmo?
Creio que sim, a equipe terminou o primeiro turno bem, mas o treinador não soube administrar para continuarmos com regularidade no 2º turno e acabamos perdendo o campeonato.
Michel também nos contou que, o então Diretor técnico, Preud´homme, tinha ótima relação com os jogadores, mas este ano como técnico também não foi capaz de levar o Standard ao título. O que falta para o clube ganhar o titulo belga?
Ah, essa é uma questão que é sempre levantada pelos torcedores “O que fazer para ganhar o título?”. Mas o Preud’homme fez um bom trabalho. Sempre custa caro perder jogos considerados menos importantes com times pequenos, ou partidas em casa. A equipe para ser campeã tem que ser 100% o campeonato todo. É um objetivo que exige muito.
Na sua última temporada no Standard Liége, em 2005/6, o meia Sérgio Conceição foi eleito o melhor jogador da Jupiler League e quase levou o “Sclessin” ao título. Você o considera um jogador ‘top level’ ou um esforçado? 
É um jogador diferenciado para os padrões belgas. Joga bem na posição dele, e sempre ajuda a equipe. Realizou uma grande temporada naquela oportunidade.
Poucos comentam, mas ele tem uma história muito comovente, trabalhou em construção civil com apenas 12 anos, perdeu os pais muito cedo de forma trágica e nunca aceitou isso. Talvez por essa razão, tem um gênio indomável. Como ele é no dia-a-dia, nos treinos e nas relações com os outros jogadores?
No dia-a-dia ele é uma pessoa difícil, tem personalidade forte e se você não souber lidar acaba se desentendendo com ele, embora ele tenha muitos amigos.
O que torna o Anderlecht um time tão poderoso na Bélgica? Dá-se a impressão que o clube opera melhor no mercado. O diferencial é financeiro ou administrativo? 
Administrativo, ou melhor, os dois, pois uma coisa leva a outra. Para ter uma boa administração é preciso ter dinheiro para dar suporte. Eles investem muito em boas contratações, e neste caso, o Standard ainda peca muito.
A seleção da Bélgica passa por um péssimo momento e muitos culpam a quantidade de estrangeiros no país. Mas o Genk foi vice-campeão e a grande maioria dos jogadores do plantel são belgas. Por outro lado, o Beveren, que tem a maior parte do elenco formado por estrangeiros, caiu para segundona. Você acha que falta mesmo jogadores belgas talentosos?
Com certeza, claro que sem os estrangeiros, tanto o campeonato belga como todas as ligas européias não seriam a mesma coisa. Mas os treinadores deveriam dar oportunidade para os jogadores belgas mais jovens, embora normalmente eles (treinadores) não tem confiança de apostar neles. (obs: A Bélgica está nas semifinais do Campeonato europeu sub-21).
Você jogou no Ajax, da Holanda, que é uma escola muito evoluída na parte tática e metodológica. Você acha que os belgas lucrariam em aprender com os vizinhos holandeses como se trabalha as categorias de base? Os jogadores jovens são mal trabalhados na Bélgica? 
Sem dúvida, deveriam aprender. Por exemplo, no Ajax, a cada ano tem jogadores formados jogando Champions League, disputando campeonatos, e isso fortalece muito a equipe e, consequentemente, o futebol do país. Os belgas deveriam ‘dar o braço a torcer’, pois a formação dos jovens, obviamente, é muito importante.
No Ajax você também trabalhou com os técnicos Morten Olsen, Jan Wolters, Co Adriaanse e Ronald Koeman. Conte-nos sobre cada um deles. O que aprendeu com eles?
Com cada treinador você aprende algo, depende do tempo que eles passam conosco. Com uns aprendi mais e com outros menos. Morten Olsen foi meu primeiro treinador, me levou da Bélgica para a Holanda e, para mim, foi muito difícil. Ele me motivou a ser um grande jogador e me deu a base para segurar minha posição na equipe que na época era muito forte.
Ainda em Amsterdã você foi companheiro de jogadores temperamentais e problemáticos como Hatem Trabelsi, Ibrahimovic e Hossan Mido. Como era sua relação com eles?
Cada jogador, ou cada pessoa, tem seu caráter, mas eu tenho facilidade para se relacionar com todos num grupo, e todo time em que eu passei os treinadores sempre me colocaram como referencia. Graças a Deus, nunca tive problemas com eles.
No Ajax tem o famoso programa do jovem crescer atuando da mesma forma do infantil até o time profissional, sempre moldurado em quatro bases: técnica, inteligência, personalidade e velocidade (TIPS, em inglês). Como você viu essa forma de se trabalhar?
Eu acho que para o Ajax é muito bom, pois quando os meninos chegam ao profissional, não tem problemas em se adaptar ao estilo do time. Mas quando o jogador é negociado para outra equipe, o que acontece normalmente, às vezes sente dificuldade, pois o Ájax sempre joga no mesmo esquema.
Os jogadores formados no Ajax criam problemas quando chegam ao profissional e tem que ficar no banco para um estrangeiro? Existe ciúme dos jovens formados no clube em relação aos jogadores estrangeiros que chegam?
Eu acredito que não…nem sempre. Os treinadores sabem gerir muito bem essa situação, e os jovens sabem que quando o time faz uma grande contratação, o treinador tem que colocar para jogar. Pode acontecer se, por exemplo, o estrangeiro não estiver rendendo, pois ai ele poderia estar ajudando o time.
Você tem uma amizade muito grande com o Maxwell, ambos são evangélicos. Está feliz pelo sucesso dele na Internazionale? O que você disse para ele quando ele sofreu aquela grave contusão em 2005, ficando um ano sem jogar?
Primeiramente estou muito feliz, pois o tenho mais do que um amigo, mas como um filho (Wambi tem sete anos a mais). Quando ele chegou ao Ajax (2001) eu sempre dava conselhos a ele, e ele sempre me ouviu, é o melhor amigo que eu encontrei no futebol. Quando ele se machucou foi muito difícil, tinha momentos em que era complicado até de lhe falar alguma coisa, mas eu ia até a casa dele em Amsterdã (eu já estava na Bélgica) e tentava passar força para ele não desistir. Graças a Deus, ele conseguiu. Estou imensamente feliz por ele.
Você se sente mais a vontade jogando como meia-ofensivo, como atacante caindo pelos lados ou enfiado dentro da área? 
Não tenho dificuldade em nenhuma posição, mas tenho preferência em jogar no lugar do ‘10’, armando as jogadas para os atacantes. Assim me sinto mais livre.
Sobre racismo no futebol. Qual seria a medida mais justa para coibir essa triste realidade que assola os estádios?
Pra todo lado tem racismo, a melhor maneira de combatê-lo são as campanhas para conscientizar as pessoas, pois eles (torcedores) agridem com gestos e até imitando macacos quando estamos próximos da linha lateral. As campanhas são a melhor solução.
A cidade de Mons é considerada ideal para quem gosta de história e construções medievais. Você está gostando da cidade ou sente falta da movimentação de Amsterdã?
Para mim as duas são muito diferentes. Eu gosto da tranqüilidade de Mons, mas quando estou muito tranqüilo vou para Amsterdã ver meu filho Danilo, que mora lá (risos). (seu filho joga nas divisões inferiores do Ajax).
Quais os melhores amigos que você fez durante esse tempo jogando na Bélgica e na Holanda?
Maxwell, Michel e Sergio Conceição.
Uma partida memorável para você?
Uma que apontei um gol na final da Copa da Holanda entre Ajax e Utrecht, em 2001/2. Estávamos perdendo, por 2×1, quando Van der Meyde cruzou da direita e empatei a partida. Na prorrogação Ibrahimovic nos deu o título ao marcar o gol da vitória. Teve um jogo contra o Feyenoord onde eu marquei um gol de meia bicicleta também.
Prefere a mulher belga ou holandesa?
(gargalhadas gerais) Como estou muito tempo entre os dois países acho ambas bonitas, mas não me atraem.
FICHA
Nome: Wamberto de Jesus Souza Campos
Local de Nascimento: Cururupu – Maranhão
Data de Nascimento: 13 de dezembro de 1974.
Clubes:
1991/2: Seraing
1992/3: Seraing
1993/4: Seraing
1994/5: Seraing
1995/6: Seraing
1996/7: Standard Liége
1997/8: Standard Liége
1998/9: Ajax
1999/2000: Ajax
2000/1: Ajax
2001/2: Ajax
2002/3: Ajax
2003/4: Ajax
2004/5: Standard Liége
2005/6: Standard Liége
2006/7: Mons

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